segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tudo normal

    Será que posso dizer que tudo voltou ao normal?

    Queria poder dizer que os inumeros sentimentos que me causaram algum dano pudessem ser fases da adolescência. Queria eu poder culpar algo por minha vida às vezes sair totalmente do rumo em que eu via ela seguindo tranquilamente.
    A única culpada pelos fatos talvez seja eu mesma. Será que era preciso sofrer e fazer sofrer tanto? Olhei para o céu e perguntei a Deus com qual intuito eu teria que estar passando por tudo aquilo ao mesmo tempo. Não ousei questionar o teu silêncio sobre as minha lágrimas. Não ousei perguntar por onde Ele esteve quando eu me contorcia nas minhas mágoas. Sempre soube que enquanto eu sofria, Deus estava em um só lugar, e nunca saiu dali: Ao meu lado, cuidando de mim, mesmo quando eu muito egoísta não pude perceber isso.

    Descobri que sempre vou errar, e sempre vou estar disposta a aprender. Olhei para a pessoa que mais ocupa meus pensamentos e vi que ele, assim como eu, ele é humano, e talvez também erre comigo, mais todos os erros são coisas tolas ao se comparar com o tamanho amor que tenho fielmente por ele. O único homem que amo e irei amar.

    Achei que finalmente teria as minhas "férias", pelo menos um tempo sem que nada de ruim pudesse me tomar de novo as lágrimas frias que descem ao peito. Me enganei, e mais uma vez vi tudo acontecer diante dos meus olhos, tudo de novo de um jeito que eu não queria. Comecei a ficar mal, minha vista já estava turva, eu via tudo o que minha mente me obrigava a ver e tudo o que já havia acontecido sem que eu evitasse, um redemoinho, um dejavu. Eu podia ter evitado!
    Depois que vi a ferida aberta não pude me conter, e o pior foi ver que eu havia abrido uma outra ferida.
Será que faz parte da vida só descobrir que é com os erros que a gente aprende?
Eu sempre amei minha mãe mesmo nunca tendo dito. Mas sabe como é dificil ter que concordar e admitir que sua mãe está certa?
    Ontem ela estava lá. Estava lá para me dizer que eu estava errada, mas estava para me ajudar acima dos meus próprios erros. A primeira vez que senti que precisava dela, que precisa da ajuda dela. Ajoelhei diante dela e deitei minha cabeça sobre a cama, já não conseguia me concentrar em nada, não conseguia falar nada. Ela me perguntou o que havia acontecido, com esforço eu disse, ela consentiu. Estava já chorando e não conseguia respirar direito, eu implorei a ela que me deixasse ir até ele. Mesmo que ele não quisesse falar comigo eu precisa pedir perdão. A primeira vez que ela não se opos, deixou-me ir. Não sabia se o pesadelo acabaria, meu pai não me permitiu sair e atravssar praticamente a cidade aquela hora. Me senti acorrentada, sem saída. Fui para o quarto, me joguei na cama. Pedi para que o sono me levasse, mesmo sabendo que por um bom tempo eu não teria motivo algum para querer acordar, e talvez nunca mais tivesse. Minha mãe pediu para eu deixar ela fazer alguma coisa, eu disse que não ia adiantar. Ela voltou e disse que ele viria. Ela ligou pra ele, achei que mesmo ele dizendo que sim eu não o veria. Revirei-me na cama, mas nada me fazia sentido. Fui para fora, levei meu leçol e lá fiquei olhando o vazio e me afastando cada vez mais de tudo a cada minuto que passava e me dava mais certeza que ele não viria. Fiquei lá por um bom tempo.
    Estava disposta a esperar até a madrugada, e mesmo que ele não viesse, eu esperaria por algo que me tirasse dali. Ele veio. Estava sentada no mesmo lugar quando o vi se aproximar. Durante uns dois minutos eu não conseguia distinguir o que era real e o que não era, ele me parecia um sonho. Eu despertei do meu pesadelo frio e inseguro, e passei a me esconder naquele sonho, me firmei nele, não queria acordar. Quando vi qual era a minha realidade, não segurei e deixei novamente as lágrimas desandarem sobre minha face sem controle algum. Demorei um bom tempo, mas me acalmei. Me acalmei ao ver que despertando para minha realidade, vi que ele fazia parte dela, me acalmei por ver que a mão que apanhava minhas lágrimas era a dele, por perceber que era em seu colo que eu estava e era o calor dele que me abrigava.
    Foi bom sentir ele de volta, me envolvendo e protegendo. Mas brevemente olhei ao céu e pedi a Deus que não mais fossem cometidos os mesmos erros, eu não queria mais ver o meu erro causando as mesmas marcas.

    Não posso dizer com toda a certeza que tudo voltou ao normal. Afinal o que  é normal? Mais quero dizer que quero ainda continuar na mesma paz, sem pensar em nada muito distante do ponto zero do tempo. Eu ainda sei que erro, que choro, que brinco que SONHO! Só quero diminuir o que se foi e aumentar o que há.
    Pois eu sei que ainda estou aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário