segunda-feira, 12 de abril de 2010

O estandarte de meu outono


Estou aqui no mesmo lugar
Perdida em um breu profundo
Tentando rascunhar palavras
Sobre minha vida, meu mundo (lástima!)

E estou aqui no mesmo lugar
Sabendo que não há palavras certas
Que possam traduzir o frio do luar
Nem decisões por loucuras incertas

Ando ao meio fio da madrugada
Nem a paz nem o sono ousam me acompanhar
As lágrimas correm geladas
Formando um rio no mesmo lugar, no mesmo lugar

Suas águas são densas e lúgubres
Vejo nelas o rosto distorcido que se reflete
Não vejo nada menos fúnebre
No rosto da menina que desfalece

Onde estão todas as cores?
Onde se perderam todas as brincadeiras?
Queria ter o dom de escrever amores
Ao invés de tornar sonhos paredes sem eira nem beira

Estou de novo no mesmo lugar
Querendo evitar o mesmo fim
Pedindo uma promessa em teu olhar
Embriagando-me na ilusão a esquecer de mim

Palavras que ecoam no vazio da mente
Sonidos intensos aos palpites do coração
Gritam por absurdos indiferentes
As batidas leves e surradas de outrora paixão

Tudo agora se confunde na vista turva
Não é belo ver tudo passando lentamente
Assistir a slides de fotografias escuras
E algemas frias parecendo às únicas coisas benevolentes

O coração acelera em seus últimos espasmos
O sol da noite se aproxima quando tudo parece girar
Se entregar ao medo e ao fim sistemático
Ou ainda ter a esperança de despertar?

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